Estudo da UFMG revela que exploração de mineradoras afeta saúde de moradores de 22 cidades

Um estudo da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) mostra que a saúde de moradores de 22 cidades que fazem parte do chamado Quadrilátero Ferrífero – região de alta exploração mineral – é impactada pela mudança na paisagem causada pela atividade.
A pesquisa também mostra que esses problemas podem ser reduzidos com investimento em reflorestamento e parques urbanos.

“Viver em uma cidade com grandes áreas de mineração traz prejuízos para a saúde respiratória. Mas conseguimos mostrar que áreas verdes ajudam a diminuir internações”, disse o pesquisador Matteus Carvalho Ferreira.
De acordo o Censo de 2010, uma das bases do estudo, 7.176 internações por doenças respiratórias aconteceram naquele ano nos 22 municípios analisados, uma taxa de 602 entradas em hospital por 100 mil habitantes. O custo direto para o Sistema único de Saúde foi de mais de R$ 11 milhões, em valores corrigidos.

Estudo da UFMG revela que exploração de mineradoras afeta saúde de moradores de 22 cidades
Porém, se as pessoas estão próximas a áreas verdes, este número diminuiu e há uma consequente economia para o sistema de saúde.
A pesquisa mostrou que, levando em conta apenas meninas de até 14 anos, cada 9,1 hectares de florestas urbanas provoca redução de uma internação por ano, gerando R$ 1.116 de economia direta para o SUS.
Cada hectare contribui com a redução de 0,11 internações/ano e uma redução nos gastos de R$123/ano.

Toda a área de florestas urbanas dos municípios analisados (1878,9 hectares) provocam redução anual de 206,7 internações de crianças, economizando R$ 230 mil por ano ao SUS.

“O nosso objetivo é mostrar que meio ambiente deve ser considerado política pública de saúde. Investimento em reflorestamento e contrapartidas de empreendimentos mineradores, como parques e florestas urbanas, é economia nos gastos em saúde e população saudável”, falou Matteus.
Cidades pesquisadas
Barão de Cocais
Brumadinho
Caeté
Catas Altas
Congonhas
Conselheiro Lafaiete
Ibirité
Igarapé
Itabirito
Mariana
Mário Campos
Nova Lima
Ouro Branco
Ouro Preto
Raposos
Rio Acima
Rio Piracicaba
Sabará
Santa Bárbara
Santa Luzia
São Brás do Suaçuí
Sarzedo

A pesquisa também alerta para cortes de orçamento destinado a unidades de conservação. Só em 2019, houve queda de 73,6% na verba do governo federal, destinada às 18 áreas deste tipo em Minas Gerais. Segundo o estudo, este é o maior corte orçamentário da história do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
“Meio ambiente é fundamental para o bem estar e saúde humanas. Investir nisso é investir em nós mesmos e na nossa qualidade de vida. É também um bom negócio. Gestores e populações devem estar cientes disso e também conhecer onde vivem para defender o próprio espaço”, falou Matteus.