Médico explica como estresse eleva a produção de glóbulos brancos, células do sistema de defesa que, em excesso, prejudicam circulação do sangue nas artérias
As doenças cardiovasculares causam a morte de 400 mil brasileiros todo ano, segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC). O aumento de doença não é mais uma novidade para a ciência. Mas, de acordo com especialistas, um dos principais vilões para a causa do AVC é o estresse. Essas condições, antes consideradas exclusivas da terceira idade, têm afetado cada vez mais jovens adultos por conta de rotinas corridas e situações frequentes de tensão no ambiente de trabalho.
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Ainda de acordo com a SBC, a cada 90 segundos, uma pessoa morre por doença cardiovascular no país, totalizando 46 óbitos por hora. No entanto, 80% desses casos são evitáveis.
Mas afinal de contas, qual a relação entre o estresse e o AVC?
A reportagem conversou com o médico Neurocirurgião e membro da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia, Felipe Mendes, que explica a diferença entre ambos.
“A relação entre o estresse e o acidente vascular cerebral (AVC) envolve uma série de mecanismos fisiológicos que conectam o estresse crônico a um aumento significativo no risco de desenvolver um AVC. O estresse, especialmente quando prolongado, pode desencadear respostas nos sistemas nervoso e endócrino que levam a um aumento da pressão arterial, inflamação e disfunção dos vasos sanguíneos. Esses fatores são conhecidos por aumentar o risco de eventos cardiovasculares, incluindo o AVC”, começou explicando.
“O estresse crônico estimula o eixo hipotálamo-hipófise-adrenal (HPA), resultando na liberação acentuada de hormônios como cortisol e catecolaminas (adrenalina e noradrenalina). Esses hormônios elevam a frequência cardíaca e provocam vasoconstrição, o que pode aumentar a pressão arterial sustentadamente. A hipertensão, por sua vez, é um dos principais fatores de risco para o AVC, tanto isquêmico quanto hemorrágico. Além disso, o estresse crônico contribui para o desenvolvimento de hábitos de vida não saudáveis, como sedentarismo, tabagismo e má alimentação, que agravam ainda mais o risco de problemas cardiovasculares”, disse ele.
Ainda de acordo com Felipe, “embora o estresse agudo também possa ser um gatilho para um AVC, especialmente em situações de trauma emocional intenso, o estresse crônico exerce um impacto mais constante e cumulativo sobre o organismo, criando condições favoráveis para o surgimento de doenças vasculares”.
Quais os sintomas de um AVC e do estresse?
O membro da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia, explicou também sobre os sintomas do AVC e os sintomas do estresse.
Segundo ele, “o AVC ocorre de forma súbita e os sintomas são geralmente graves e imediatos” listou ele:
Fraqueza ou paralisia súbita em um lado do corpo, frequentemente afetando o braço, a perna ou o rosto;
Dificuldade de fala ou compreensão, conhecida como afasia;
Alterações visuais, como perda de visão em um ou ambos os olhos, visão turva ou dupla;
Tontura, perda de equilíbrio ou coordenação, podendo causar quedas.
Pode também haver dor de cabeça intensa e súbita, principalmente no AVC hemorrágico, que pode estar acompanhada de náuseas ou vômitos.
Sintomas do Estresse:
“O estresse não é uma condição súbita, mas sim uma resposta física e emocional que se desenvolve ao longo do tempo, especialmente em sua forma crônica”, relatou ele.
Dor de cabeça
Tensão muscular (especialmente no pescoço e nos ombros)
Cansaço
Distúrbios do sono
Dor no peito e aumento da frequência cardíaca
Efeitos emocionais:
Irritabilidade
Ansiedade
Sensação de sobrecarga
Desânimo ou depressão e, até mesmo, dificuldade de concentração
Problemas de memória ou percepção de pensamento acelerado
Felipe alertou ainda, para alguns hábitos que também pode ser alterados, como: “comer demais ou perder o apetite – e há um risco de consumo aumentado de álcool ou tabaco. Ambas as condições exigem atenção, com o AVC sendo uma emergência médica e o estresse crônico necessitando de manejo adequado para prevenir complicações futuras”.
Como prevenir um AVC e evitar o estresse?
O médico neurocirurgião, Felipe Mendes, ressalta, que a atividade física ajuda a evitar ambos. Além de uma boa alimentação.
“Tanto a atividade física quanto uma alimentação adequada ajudam a melhorar o estresse e a prevenir o acidente vascular cerebral (AVC), trazendo benefícios importantes para ambas as condições. A prática regular de exercícios físicos é benéfica tanto para o manejo do estresse quanto para a prevenção de AVCs. Ele reduz os níveis de cortisol (hormônio do estresse) e aumenta a liberação de endorfinas, substâncias que promovem uma sensação de bem-estar e ajudam a combater a ansiedade e a depressão. Ele também melhora a qualidade do sono e promove uma sensação de controle emocional, fatores cruciais na gestão do estresse”, disse.
Já a orientação para evitar o AVC é controlar os fatores de risco importantes.
“É essencial para controlar fatores de risco importantes, como hipertensão, colesterol elevado, diabete e obesidade. Além disso, o exercício melhora a circulação sanguínea, ajuda na manutenção de um peso saudável e reduz a inflamação no corpo, diminuindo o risco de formação de coágulos e aterosclerose, condições diretamente ligadas ao AVC. No caso da alimentação, uma dieta saudável também desempenha um papel crucial tanto na redução do estresse quanto na prevenção de AVCs. Uma alimentação equilibrada, rica em nutrientes, ajuda a regular o sistema nervoso e estabilizar o humor. Alimentos ricos em antioxidantes, vitaminas do complexo B e ômega-3, como peixes, nozes e frutas, ajudam a combater a inflamação e a melhorar a função cerebral, reduzindo os efeitos negativos do estresse crônico”, afirma.
Felipe deu dicas sobre quais alimentos ajudam a controlar a pressão, que previne as doenças cardiovasculares. “Para prevenir o AVC, é fundamental seguir uma dieta rica em frutas, vegetais, grãos integrais e gorduras saudáveis, como o azeite de oliva e o abacate. Esses alimentos ajudam a controlar a pressão arterial e os níveis de colesterol, prevenindo o acúmulo de placas nas artérias (aterosclerose). Além disso, é importante reduzir o consumo de sal, açúcares e gorduras saturadas, que são fatores de risco para hipertensão e doenças cardiovasculares”, finalizou.
Fonte: Itatiaia