Preço do gás natural vai subir em agosto e aumento chega a 48% em seis meses

Aumento leva em conta preços do petróleo e câmbio

A Petrobras vai elevar em 7% os preços em reais do gás natural entregue às distribuidoras regionais a partir de 1º de agosto. O reajuste é contratual e feito a cada três meses, com base nos preços do petróleo, câmbio e da revisão da parcela do transporte, repassada pela empresa.

Com o aumento anunciado nesta terça (6), o aumento total em seis meses será de 48%, considerando o aumento anterior, de 39%.

“A referência para esses ajustes [de 7%] é a cotação dos meses de abril, maio e junho. Durante esse período, o petróleo teve alta de 13%, seguindo a tendência de alta das commodities globais; e o real teve valorização de cerca de 4% em relação ao dólar, em consequência, o ajuste será de 7% em R$/m³”, informou a empresa.

O efeito para o consumidor final depende dos reajustes feitos nas áreas de concessão pelas agências reguladoras estaduais.

Ao longo de 2020, os preços do gás natural da Petrobras chegaram a cair 35%, mas vem subindo desde o fim do ano passado, acompanhando a recuperação do Brent e a desvalorização do real.

“A Petrobras esclarece que o preço final do gás natural ao consumidor não é determinado apenas pelo preço de venda da companhia, mas também pelas margens das distribuidoras (e, no caso do GNV, dos postos de revenda) e pelos tributos federais e estaduais”, diz a nota da Petrobras.

O cenário externo também levou a Petrobras a se mover e em só uma tacada elevar os preços do diesel (+3,8%), da gasolina (+6,2%) e do GLP (+5,9%), nesta terça (6).

Os preços do diesel estavam congelados há 66 dias, desde 1º de maio, primeiro reajuste da nova administração de Joaquim Silva e Luna, quando foram reduzidos em 2%.

No acumulado do ano, a gasolina registra aumento de 46%. O diesel já subiu cerca de 40%, enquanto o GLP acumula elevação de 37,9%.

O mercado vê defasagem nos valores cobrados internamente pela Petrobras, mesmo após os reajustes. As ações da companhia fecharam em baixa de 1,3%, mesmo com a alta do petróleo.

E os caminhoneiros reclamam. Ao Estadão, o presidente do Conselho Nacional do Transporte Rodoviário de Cargas (CNTRC), Plínio Nestor Dias, afirmou que a alta do diesel pegou a categoria de surpresa e dá força para a greve que o grupo tenta realizar no próximo dia 25 de julho.

Antes da posse de Silva e Luna, Bolsonaro chegou a afirmar que os reajustes da Petrobras são inadmissíveis, citando o aumento de 39% nos contratos de gás natural.

“É inadmissível! Que contratos são esses, que acordos são esses? Foram feitos pensando no Brasil, num período de três meses?”, questionou o presidente, na época.