Sem relator definido, representação contra Janones por ‘rachadinha’ fica para 2024

Deputado mineiro é acusado de cobrar dos funcionários de seu gabinete o recebimento de parte dos salários deles

janones
O deputado federal André Janones (Avante-MG)

Pablo Valadares/Câmara dos Deputados

A representação do Partido Liberal (PL) que pede a cassação do mandato do deputado federal André Janones (Avante-MG) por suposta ‘rachadinha’ só será analisada no ano que vem. A última sessão do Conselho de Ética da Câmara em 2023, nesta quarta-feira (20), foi encerrada sem a definição de um relator.

Durante a reunião — que durou menos de uma hora —, o colegiado analisou apenas um parecer sobre pedido de cassação do mandato da deputada Sâmia Bomfim (Psol-SP). O relatório, contrário à perda do mandato da parlamentar paulista, foi aprovado.

Já houve um sorteio de uma lista tríplice de possíveis relatores para o caso Janones. A relatoria será definida entre os deputados Emanuel Pinheiro Neto (MDB-MT), Guilherme Boulos (Psol-SP) e Sidney Leite (PSD-AM). A escolha final será feita pelo presidente do Conselho de Ética, deputado Leur Lomanto Júnior (União Brasil-BA).

O parlamentar mineiro é suspeito de organizar um esquema de ‘rachadinha’ com funcionários de seu gabinete. O deputado é acusado de cobrar dos funcionários de seu gabinete o recebimento de parte dos salários deles. Áudios em que o parlamentar supostamente pede fatias dos vencimentos dos servidores foram divulgados na segunda (27). Na gravação, o parlamentar do Avante diz que os assessores precisariam ajudá-lo a pagar dívidas de campanha.

O áudio teria sido captado em 2019. Na gravação, feita por um ex-funcionário do deputado do Avante, há a menção a um assessor de Janones que, embora recebesse R$ 10 mil mensais, deveria repassar parte do salário ao deputado. Em 2016, o parlamentar disputou a prefeitura de Ituiutaba. Ele ficou em segundo lugar, com 13.759 votos – 24% dos votos.

“Tem algumas pessoas aqui, que ainda vou conversar em particular depois, que vão receber um pouco de salário a mais e vão me ajudar a pagar as contas do que ficou na minha campanha de prefeito, que eu perdi R$ 675 mil na campanha. Elas vão ganhar mais para isso. ‘Ah, isso é devolver salário e você está chamando de outro nome’. Não, não é. Porque devolver salário você manda na minha conta e eu faço o que eu quiser. São simplesmente algumas pessoas que eu confio e que participaram comigo em 2016, que eu acho que elas entendem que meu patrimônio foi todo dilapidado”, afirma o homem que, na gravação, seria Janones.