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Trabalhadora doméstica é resgatada após 30 anos de trabalho análogo à escravidão em BH

Mulher trabalha como doméstica por 30 anos sem receber e é resgatada em BH

Trabalho análogo à escravidão (foto ilustrativa) — Foto: Marcos Serra Lima/ G1

Uma trabalhadora doméstica de 63 anos foi libertada em Belo Horizonte após mais de três décadas de serviços prestados sem receber salário, ter carteira assinada ou direitos trabalhistas. A vítima trabalhava para uma família chefiada por um advogado.

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De acordo com a fiscalização, a mulher vivia e trabalhava na residência dos empregadores desde os anos 1990, desempenhando funções como cozinhar, lavar e passar roupas, limpar a casa e cuidar de crianças, idosos e animais de estimação. Em troca, recebia apenas moradia e alimentação.

A trabalhadora não tinha horário fixo, não tinha folgas nos fins de semana ou feriados e nunca teve direito a férias. Além da exploração laboral, ela sofria violência psicológica e assédio moral.

A operação de resgate foi realizada por auditoras fiscais do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), com apoio do Ministério Público do Trabalho e da Polícia Militar. As investigações começaram em fevereiro e terminaram em abril, mês em que se comemora o Dia Nacional da Trabalhadora Doméstica (27 de abril).

A trabalhadora dormia em um pequeno quarto nos fundos da casa, sem ventilação adequada. De acordo com a fiscalização, ela ainda era submetida a violência psicológica e assédio moral, vestia roupas usadas, doadas pelos patrões, e não tinha acesso regular a serviços básicos de saúde.

Esse caso em si chamou muita atenção porque a família empregadora era chefiada por um advogado, e esse advogado nada fez ao longo desses mais de 30 anos para resguardar os direitos trabalhistas dessa trabalhadora doméstica. Isso indignou ainda mais a equipe de fiscalização”, detalhou Cynthia Saldanha, auditora fiscal do trabalho.

Mulher em situação de vulnerabilidade é resgatada de trabalho análogo à escravidão

Apesar de os empregadores alegarem que a tratavam como “parte da família”, auditores constataram que ela não era reconhecida nem como funcionária nem como parente.

A vítima, que não tem familiares próximos, enfrentou dificuldades desde a infância, tem baixa escolaridade e problemas de saúde, estava em situação de vulnerabilidade, o que facilitou sua exploração. A fiscalização identificou a prática de trabalho análogo à escravidão devido a três fatores: jornada exaustiva, condições degradantes e trabalho forçado.

Resgatada no final de março, a mulher foi encaminhada a uma instituição de acolhimento de longa permanência, onde recebe assistência médica, odontológica e psicológica.

Os nomes da vítima, dos empregadores e o local do crime não foram divulgados devido à investigação em andamento. O Ministério Público do Trabalho deve mover uma ação civil pública contra os responsáveis.

O caso envolve graves violações trabalhistas e desrespeito a tratados internacionais de direitos humanos, como as Convenções 29 e 105 da OIT e a Convenção Americana sobre Direitos Humanos.

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