Volta às aulas: uso errado de máscara pode elevar casos de covid-19 em 1.000%

Já máscaras utilizadas corretamente e professores com PFF2 podem reduzir o crescimento relativo dos casos a 40%, estima modelo matemático

Crédito: fotomontagem por Rebeca Alencar com imagens de Unsplash, Wikimedia Commons e Flaticon

Com a iminência do retorno às aulas presenciais, pesquisadores desenvolveram um  modelo matemático que estima o aumento de casos da covid-19 na comunidade escolar com a reabertura das escolas, simulando cenários com diferentes protocolos de segurança. A ideia é que o retorno às aulas presenciais sempre vai trazer alguma elevação no número de casos entre as pessoas que frequentam a escola e seus contatos, mas que essa elevação pode ser muito grande, ou mínima, dependendo das medidas adotadas.

Por exemplo, esse risco pode ser 1.141% maior caso as máscarassejam mal utilizadas. Se bem utilizadas, mas sem outras medidas, o aumento da chance de contágio é de 575%. Somado ao uso correto de máscaras pelos alunos, e se os professores utilizarem máscaras do tipo PFF2, o risco despenca para 40%, o que indica a importância do uso correto, de máscaras eficientes e o papel determinante dos professores na transmissão viral.

Os dados mostram que, à medida que se sobrepõem medidas de segurança a essas, como monitoramento de casos suspeitos, turmas alternadas e redução da carga horária efetiva, o risco é reduzido e chega ao mínimo de 10%.

Risco e probabilidade

O estudo faz parte do projeto ModCovid19, com a contribuição do Centro de Ciências Matemáticas Aplicadas à Indústria (CeMEAI), do qual faz parte o professor Tiago Pereira, do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos. Os resultados recentes são atualizações da pesquisa que começou a ser desenvolvida no começo da pandemia, em março de 2020, na cidade de Maragogi, Alagoas. Desde então, a equipe vem monitorando os casos de covid-19 na cidade, incluindo também dados sociais e de comportamento ligados à pandemia. Pela curva de infecção e o rastreamento da rede familiar dos moradores, foi possível determinar os motores e os principais centros de infecção.

Os números são estimativas que tangenciam a realidade, fornecidas através de um software de modelo computacional. Tiago Pereira explica que o contágio pelo coronavírus passa por um evento probabilístico, como qualquer doença infecciosa por contato. Em computador, é levado em consideração esse fator de aleatoriedade, combinado a outros. Assim, simula-se a possibilidade de alguém se infectar em uma ida ao mercado, por exemplo.

O programa foi remodelado para incluir a dinâmica das escolas da região e, com os dados anteriores, foi possível calcular a quantidade de novos casos que excedem a média na cidade, com a retomada das aulas presenciais.

Boa ventilação melhoraria todos os cenários

Uma vez que é comprovada a maior transmissão do coronavírus por aerossóis, o professor destaca que a má ventilação característica da maioria das salas de aula de Maragogi impacta diretamente no maior contágio.

Por Redação só notícias online